quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

EDUCAÇÃO

ARTIGOS ZERO HORA ED Nº15837 03 DE JAN DE 2009
A missão do educador, por Rejane de oliveira
*Vários elementos são necessários para se ter uma educação pública de qualidade. O investimento público, a valorização dos educadores e o respeito à autonomia das escolas seguramente estão entre os principais. Não será possível garantir tal intento se os atores desta área ocuparem-se em apenas transferir responsabilidades.

O aluno tem que frequentar as salas de aula com o objetivo de construir conhecimento; o educador deve oferecer uma educação de qualidade; os pais, além de acompanhar o desempenho dos filhos, precisam atuar como agentes fiscalizadores; e o governo precisa viabilizar escolas com boa infraestrutura, repassar a totalidade das verbas de manutenção, garantir material pedagógico de qualidade, bibliotecas com bom acervo, laboratórios de informática, setores pedagógicos com pleno funcionamento e, principalmente, valorizar os trabalhadores em educação.

Infelizmente, o que observamos no Rio Grande do Sul é um governo mais preocupado em destruir a escola pública. Para tanto adota medidas como a enturmação, a multisseriação, o fechamento de bibliotecas, laboratórios e de setores pedagógicos. Um governo que se recusa a investir os 35% da receita corrente líquida na educação como determina a Constituição Estadual e que gasta energia para não implantar a lei do piso nacional do magistério.

A governadora Yeda Crusius ameaça os planos de carreira dos professores e dos funcionários de escola através da implantação na esfera pública da política de avaliação por desempenho com premiação. Tenta responsabilizar os educadores pelas mazelas da educação pública, profissionais que nos últimos anos têm feito de tudo para garantir o mínimo de qualidade à educação dos filhos dos gaúchos.

A avaliação por desempenho é mais uma tentativa encontrada pelo governo para fugir do debate em relação ao estabelecimento de uma política salarial séria e responsável para os trabalhadores em educação. É esquivar-se da sua responsabilidade enquanto garantidor de uma educação de qualidade para todos. É criar um ambiente de disputa entre as escolas e os trabalhadores, acabando com a paridade. Como avaliar o desempenho daqueles que estão aposentados?

É lamentável que o governo Yeda inspire-se em modelos de outros Estados, como São Paulo e Minas Gerais, que, diga-se, figuram abaixo do Rio Grande do Sul em termos de qualidade de educação, conforme o Enem.

Mas a incapacidade do atual governo gaúcho para debater um projeto político-pedagógico para a educação está retirando o Rio Grande do Sul das primeiras posições entre os Estados com a melhor educação pública do país. Se a sua intenção é destruir a educação pública, ele está conseguindo. Já a missão do educador será sempre a de lutar por uma escola pública de qualidade, mesmo que os governos não assegurem os meios necessários.


*Presidente do Cpers/Sindicato

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