sábado, 30 de maio de 2009

FOLHA DO NORDESTE

LEODÁRIO SCHUSTER

leodario.schuster@terra.com.br

Agricultura em tensão.
Protestos, discursos e muita tensão em uma semana decisiva para o campo. "Os preços recebidos pelos produtores de leite estão bem abaixo dos custos de produção, mas os consumidores pagam preços elevados em gôndolas de produtos lácteos”. Parece ser uma notícia brasileira, puro engano trata-se de parte do editorial do Actualidad – Agropecuária editado na Argentina, ou seja, a situação deles é semelhante à nossa. Alguém está lucrando no meio da cadeia produtiva. O editorial sugere “que é necessário urgente tratar com o Governo Nacional a reestruturação da rentabilidade do produtor”, Para eles ainda existe o desmantelamento do sistema de intervenções que distorcem o comércio em todos os setores do agronegócio.
Em termos de Brasil, o governo está mais preocupado com o consumo do que com a produção. Inúmeras medidas foram adotadas, visando manter o comércio aquecido, redução de IPI, “queda de juros” a possível adoção de um cadastro de bons pagadores. Ora, se o cidadão não está com seu nome incluído no SPC, no Serasa e no Cadin, é porque é bom pagador. Tal cadastro estará premiando o correto ou é um faz de conta para acobertar os problemas estruturais que estamos vivenciando?
Quem acha que os problemas da produção primária terminaram com alguns milímetros de chuva está muito enganado. As perdas do setor primário são astronômicas e vão se refletir no segundo semestre quando os compromissos de “pagar o banco” chegarem. Além do custeio da última safra, para aqueles que colheram alguma coisa, vencem as prorrogações de sucessivas safras frustradas. Não é só o deputado Sérgio Moraes (PTB-RS) que está se lixando para o povo, Toda a estrutura governamental está se lixando para o povo, os produtores, os aposentados, os professores e para a educação, sem contar a segurança pública. Atualmente após meses de investigação, larápios são posto em liberdade, pois um Juiz decide que a estrutura carcerária não é adequada para recepcioná-los. Para o Estado o que importa é a arrecadação tributária a fim de manter o status quo, ou seja, o sistema se encontra ávido para manter o poder. Enquanto escrevo ouço as últimas notícias do primeiro dia de manifestações dos ruralistas. Sabem no que vai dar? Em nada! O Governo sempre agiu sob pressão extrema e, “hoje a solução para o Rio Grande do Sul é o zoneamento para o plantio de cana de açúcar.” Nossos parlamentares ficaram cegos e surdos, tal qual o Presidente. Qual a visão de futuro? Uma passagem aqui, uma empreiteira ali, um castelo acolá. Que Ali Babá existia com seus trezentos picaretas já era de nosso conhecimento, mas com castelo e se lixando! Essa foi a penúltima, a última nunca existirá.
A estiagem não terminou! Muita água será necessária para recuperar o subsolo. Isso sem contar que convivemos diariamente com a estiagem de ética e de comprometimento. Os custos dos insumos usados na safra recém colhida foram altíssimos. O endividamento aumentou. Muitos produtores não tiveram acesso ao crédito rural, outros se descapitalizaram completamente para se manter na situação de bons pagadores. Logo saberemos o resultado das manifestações, das paralisações das prefeituras e dos atos que alguns desesperados com a situação extrema que se apresenta e sabendo que o pior está por vir, quando o frio, a geada e a garoa chegarem.
Combustíveis estão cada vez mais baratos
Esse é o mais incrível acontecimento no Brasil. Em Curitiba-PR, segundo o informativo Paraná on line, os combustíveis, álcool e gasolina estão 12% mais baratos do que a média nacional. O preço médio de R$ 1,253 para o álcool e R$ 2,309 para a gasolina, bem mais baixo que os R$ 1,377 e R$ 2,407 do início do mês. E no início da semana ambos os combustíveis podiam ser encontrados, com facilidade, nas bombas, a valores como R$ 1,089 e R$ 2,16. Isso sem a retirada de impostos. Na segunda-feira passada a manifestação "Dia da Liberdade de Impostos" – foi promovida por diversas instituições em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Na capital gaúcha, o preço do litro de gasolina "sem o valor dos impostos" chegou a R$ 1,25. Realmente o Presidente Luizinho tinha toda a razão quando afirmou que um litro de gasolina era mais barato do que um litro de água. Mas nem só de gasolina o País de move. O principal combustível continua sendo o diesel. Ele é o propulsor da economia, da produção ao transporte. Como dizem os Argentinos “é necessário urgente tratar com o Governo Nacional a reestruturação da rentabilidade do produtor.”.
Trigo: manutenção da reserva de mercado
Os produtores brasileiros estão dispostos a manter a reserva de mercado, mesmo com a possibilidade de falta do cereal. Segundo o presidente da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva de Culturas de Inverno, Rui Polidoro Pinto declara que ‘‘Temos alguns problemas já de desestímulo à plantação, como a seca e o preço mínimo adotado para o trigo abaixo das nossas expectativas’’. E vai mais longe quando diz que ‘‘Para o pleno abastecimento, irá faltar produto brasileiro. De quem o Brasil vai comprar, não sei. Espero que seja da Argentina’’. Na avaliação do presidente da Câmara, o anúncio feito pelo país vizinho, de que não entregará cereal ao Brasil em 2010, nada mais é do que ‘‘um blefe’’. ‘‘A Argentina exportará para o Brasil. Eles sempre blefam’’. No entanto o jornal La Nacion noticia: “A Argentina não exportará trigo na próxima temporada agrícola 2009/2010, devido à estiagem, os altos custos e o desestímulo do produtor argentino será a primeira vez que isso irá acontecer desde 1.890”. Isso mesmo o ano está de acordo com a notícia.
Expectativas quanto à soja
Uma rápida análise dos números para o mercado futuro, com o fortalecimento do Real frente ao dólar e as posições da Bolsa de Chicago para a oleaginosa apresenta uma diferença expressiva: julho US$ 11.85 por bushel, enquanto que setembro a cotação é de US$ 10.87 dólares por bushel. Fechamento de mercado dia 26 de maio.
Para reflexão
"Quase todos os homens são capazes de suportar adversidades, mas se quiser por à prova o caráter de um homem, dê-lhe poder." Abraham Lincoln.