quinta-feira, 25 de junho de 2009

FOLHA DO NORDESTE

LEODÁRIO SCHUSTER

leodario.schuster@terra.com.br
Separando a ética da política
Não só no Brasil, mas em especial em nosso país, - pois é aqui que vivemos, ganhamos nosso sustento, formamos nossas famílias, tentamos educar os filhos, cultuamos nossos antepassados e acreditamos no futuro, - é que a ética não tem afinidade com a política. Em alguns momentos, os noticiários parecem ser surrealistas, o Senado proporciona atos que parecem ter origem em uma casa de horrores, o número de funcionários é impressionante para servir 81 Senadores, o que causa surpresa é que durante largo período a Câmara Alta se serviu de Atos Secretos para nomear e manter na folha de pagamento pessoas que moram em outros países. Outras que nada tem a ver com o Senado. A bronca estourou porque o impoluto Presidente da casa Senador José Sarney foi com muita sede ao pote. Mas que importância tem, ele não pode ser tratado como um cidadão comum! Palavras do Presidente Luizinho, que lá do distante Cazaquistão nos colocou na situação de homens incomuns. Talvez seja influência da novela, interessante essa nova casta social, não bastasse a apartheid tupiniquim com o sistema de quotas, agora foi inaugurado o cidadão que tem história, portanto pode por Ato Secreto empregar, netos, sobrinhos, mordomos e outros mais. Bem, enquanto isso a casa dos espantos fica resguardada. O foco do momento está voltado para o poder mais alto. Esse é realmente o país dos assombros. Essa é a penúltima, a última penso nunca existirá. Ah! Para completar o espanto, juizes deixam de encaminhar para o sistema prisional ladrões, assassinos, estupradores, com o argumento de que lá eles não terão uma vida digna.
Relatório do Departamento de Agricultora dos EUA
O último relatório do USDA, divulgado no início da semana aponta a evolução do plantio de soja naquele país. Até dia 21 de junho 91% da área havia sido plantada. A média dos últimos quatro anos é de 95%. As principais culturas, soja e milho, segundo o relatório apresentam-se nas seguintes condições: 67% das lavouras de soja estão entre boas e excelentes condições, 70% das lavouras de milho também se enquadram como boas e excelentes.
Bird prevê uma retração de 3% na economia global
No início da semana as bolsas de valores de todo o mundo sentiram o pessimismo divulgado pelo Banco Mundial (Bird), quando apontou uma retração de 3%, o que é realmente um percentual significativo. O Brasil tenta trabalhar com uma projeção de crescimento interno na ordem de 1%. Em 2010 é esperada uma recuperação na ordem de 2%. Naturalmente tudo tem como base cálculos complicadíssimos que podem sofrer significativas alterações, bastando para tanto atos políticos ou fatos naturais, como os que tem se apresentado nos últimos anos. Estiagens, enchentes, furacões ou qualquer outro fato natural que venha a interferir na conduta humana.
Nas previsões do Bird, o comércio internacional deve experimentar a queda mais forte desde a Segunda Guerra Mundial. O desemprego, que já é elevado nos países desenvolvidos, deve subir nas economias mais dependentes das exportações no Leste Asiático e os investidores globais diminuirão a exposição nos mercados emergentes. Na verdade o que mais preocupa é o desemprego, pois esse, além de causar um tsunami familiar, provoca um efeito em cascata, desestabilizando desde o município até o país.
Recuperação das commodities agrícolas
Após consecutivas perdas o mercado nesta terça-feira se recuperou um pouco, o que dá certo alento a safra velha de soja e impede maiores prejuízos na comercialização do milho e do trigo. Embora todas as expectativas de melhores preços para o milho no segundo semestre talvez não venha a se concretizar. O fator predominante é o volume a ser exportado. Como nos EUA baixou o consumo de etanol de milho, em função da queda nas cotações internacionais do petróleo e as perdas na safrinha brasileira não foram tão significativas é possível certa estagnação de preços. Isso é muito ruim para o setor produtivo, uma vez que a estiagem foi severa e o milho foi uma das culturas mais atingidas.
Lideranças temem que dinheiro não chegue ao campo
Lideranças do setor rural apoiaram o Plano Agrícola e Pecuário 2009/10, mas temem que boa parcela do volume recorde de recursos para financiamento da nova safra fique longe do campo, a exemplo do que ocorre no atual ano agrícola, quando 20% a 25% do dinheiro disponível deixaram de ser usados. Não basta existir o recurso, é necessário que o tomador se enquadre nas normas do agente financeiro. Hoje com o endividamento do setor que é estimado em R$ 120 bilhões, qualquer operação de crédito esbarra em inúmeros entraves. O agricultor está com seu limite de crédito tomado, faltam garantias, o patrimônio está com baixa avaliação e os agentes financeiros estão com excesso de garantias e delas não abrem mão. O governo criou fundos para outros setores da economia, principalmente construção civil, enquanto que para o agronegócio que representa mais de um terço do PIB o conselho Monetário não quer nem pensar. O risco de frustrações é grande, o seguro rural depende de relatório do Fundo de Catástrofe para ser votado no Congresso, possivelmente em agosto e irá depender ainda da sanção do Presidente da República. É necessário um passe de mágica para que a política de produção nacional de fertilizantes saia do papel. Enfim o emaranhado de meditas é tão vasto que é impossível prever quando o agronegócio terá um tratamento adequado por parte do governo. Os fatores incontroláveis são tantos, que o tal relatório do Fundo de Catástrofes poderá apresentar surpresas. O agronegócio é uma indústria a céu aberto, tem dia para começar e dia para terminar. Impossível parar o processo e aguardar tempos melhores.
Tema para debate
Finalmente alguém de bom senso mandou demolir o monumento aos tropeiros. O local era impróprio, sem contar com a estética e o grande prejuízo que causou aos incautos motoristas que nele esbarraram seus veículos. No canteiro central da Av. Benjamin Constant é perfeitamente possível construir um monumento dedicado aos tropeiro e também ao fundador de Lagoa Vermelha. Defronte ao Novo Hotel, tombado como patrimônio histórico, existe uma construção que, não deve ter causado muitos embaraços ao tráfego de veículos.
Velho amigo
Ao iniciar meus escritos, recebi um telefonema nada agradável, informando o falecimento de nosso colega de Técnico em Contabilidade, da antiga Escola Técnica em Contabilidade Duque de Caxias. Antonio Alves da Cunha – Nenê. A turma de formando 1967 costuma se reunir no mês de novembro para confraternizar. Passaram-se 42 anos, não tenho lembrança de um encontro em que o Nenê e a Celeste não estivessem presentes. Que o Supremo Árbitro dos Mundos te receba de braços abertos amigo Nenê.
Para reflexão
"Não existe um caminho para a paz; a paz é o caminho." Mahatma Gandhi

terça-feira, 9 de junho de 2009

FOLHA DO NORDESTE

LEODÁRIO SCHUSTER


leodario.schuster@terra.com.br


Imaginem um emaranhado de notícias sobre estiagem no sul, enchentes no norte, milhares de pessoas desabrigadas, outras tantas sem um rumo, sem um norte para suas vidas, escândalos políticos, que descem do planalto até a planície. Castelos e casas com origens difíceis de explicar. Manifestações de toda ordem, profissionais da educação, segurança, agricultores e Prefeituras fechadas como forma de sensibilizar o poder, tanto Estadual quanto Federal. Aviões despencam dos céus e o Presidente Luizinho viaja. Afinal o avião é novo, as manifestações velhas e rançosas e os manifestantes têm memória curta.
Deixem-nos votar com Memória
A memória é a ferramenta intelectual e simbólica que nós deveríamos usar nas próximas eleições. O setor agrícola é um pilar fundamental de suporte econômico, o agronegócio representa mais de 40% do PIB brasileiro. Pela vivência de mais de 40 anos ligado ao setor, sempre estivemos de chapéu na mão, os mais idosos contestarão essa afirmativa. A agricultura sempre dependeu de iniciativas dos governos, desde os primórdios da história. É certo que o agronegócio cresceu, mas junto com ele também a tecnologia, o endividamento e as dificuldades do setor. Sem medo de errar o agronegócio ainda continua a ser um compromisso básico da economia nacional, porém nossos políticos parecem ter perdido a memória. Não é só pelos escândalos do desvio de recursos que devemos refletir, mas também pelo descaso, por estarem se lixando para o povo. E isso não é só a nível de Brasil, quero crer que muitos outros países estão em situação semelhante. Notícias dessa ordem podem ser lidas a seguir.
A caída econômica e as conseqüências do clima mantêm as cidades mais prósperas do país em uma letargia preocupante.
Os últimos anos foram críticos para o campo. A seca prolongada nas áreas principais de produção agrícola mantém comprometidas numerosas comunidades do interior, que historicamente eram ricas e prósperas. Para isto é necessário somar as recentes geadas e o granizo que destruíram as lavouras. A falta de incentivos do estado para a situação difícil que os produtores pequenos e médios vivem. Onde muitos tem optado a não prosseguir as colheitas, arrendar as terras e liquidar a propriedade rural antes de ter perdas maiores, que completam um enredo devastador para o interior do país. Os relatórios e o pressagio é abundante sobre o futuro preto do setor agrícola caso não sejam modificadas as medidas atuais do governo. Fonte: parte do editorial de El Nuevo Agro (Argentina).
Agricultores dos EUA começam a sentir um aperto no credito
A escassez do crédito nos Estados unidos chegou ao campo. Os bancos que emprestam para a agricultura estão apertando suas exigências de crédito, deixando alguns produtores rurais sem dinheiro para plantar ou alimentar seus animais, agora que a época do plantio está chegando ao fim. A retração que vai se aprofundando nos setores pecuários, de laticínio e álcool de milho aumentou os problemas dos agentes financeiros. A notícia também faz parte de artigo de Lauren Etter no The Walt Street Journal – EUA.
Enquanto isso no Brasil
A situação é idêntica. Municípios em situação de emergência devido ao caos climático e cambial. Os bancos também estão cautelosos, ao ponto de se aventurarem a perderem o que já está emprestado do que emprestar dinheiro novo. Em suas últimas declarações o Ministro Mantega, diz não estar satisfeito com juro real de 5%. Segundo ele, esse nível de taxa de juros real contempla basicamente investimentos, mas o custo financeiro para a tomada de empréstimos por empresas e cidadãos está ainda bem alto. "O tomador de crédito paga 28%, 30%, 40%, 50% ao ano. (O juro do) crédito ao consumidor está estupidamente elevado", afirmou. – (Agência Estado). Mas a preocupação dele é com as montadoras de veículos e fabricantes de eletrodomésticos. Setores altamente atrativos ao capital internacional onde crise tem alterado o perfil do investimento produtivo no Brasil. Dados do Banco Central (BC) mostram que atividades ligadas ao mercado interno têm atraído cada vez mais as multinacionais interessadas no aumento da renda do brasileiro. O melhor exemplo é o setor automobilístico, que tem recebido cada vez mais dólares. De janeiro a abril, o investimento estrangeiro direto (IED) no segmento saltou 221% ante igual período de 2008. A Informática, os eletrônicos e as telecomunicações também tem apostado mais fichas no País. As áreas que estavam no olho do furacão da crise diminuíram o ritmo. Não podemos esquecer que o único fabricante de dinheiro novo é o agronegócio. Sem ele esse aumento de renda do brasileiro poderá ter uma conotação igual ou pior do que a bolha imobiliária americana.
Brasil exportará volume recorde de soja
Diante do quadro que se apresenta os Chineses já compraram praticamente todo o alimento in natura que necessitam, os Russos também e os Árabes prometem inundar o país com petrodólares numa ânsia frenética de garantir alimentos. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) previu que o Brasil exportará um volume recorde de soja em grão na atual temporada, entre fevereiro de 2009 a janeiro de 2010 (2009/10).
A entidade elevou a sua expectativa de exportação de soja para 24,8 milhões de toneladas contra 24,5 milhões de toneladas na projeção divulgada no final de abril, em meio a recordes mensais consecutivos registrados nos embarques brasileiros em abril e maio.
Ao mesmo tempo em que elevou sua previsão de exportação, a Abiove reduziu a projeção da safra 2008/09, cuja colheita foi encerrada há alguns meses - para a Associação, o ano agrícola 08/09 equivale ao seu ano comercial 09/10 (fevereiro-janeiro). A atual previsão é de uma colheita de 57,4 milhões de toneladas, ante 57,7 milhões de toneladas na estimativa de abril e contra 59,9 milhões de toneladas na safra passada.
Para reflexão
"Deveríamos usar o passado como trampolim, e não como sofá."
Harold MacMillan