quarta-feira, 8 de outubro de 2008

FOLHA

LEODÁRIO SCHUSTER

leodario.schuster@terra.com.br

Quando os índios americanos iam à caça e escolhiam uma manada de búfalos, os primeiros a serem sacrificados eram os mais fracos e lentos, em geral doentes, que estavam atrás do rebanho, Essa seleção natural era boa para a manada como um todo, porque aumentava a velocidade média e a saúde de todo o rebanho pela matança regular dos seus membros mais fracos. No entanto, após o sacrifício dos mais lentos, fracos e doentes, a manada era tocada pela pradaria e encurralada contra um precipício, aonde um após o outro iam sendo derrubados, os que não morriam com a queda eram sacrificados, a carne, a pele os cascos e chifres retirados e as sobras deixadas para servirem de alimento aos abutres. De forma parecida, opera o mercado, tanto de commodities, quando de ações. Muitas vezes movidos por boatos plantados, outras por motivos especulativos. Praticamente todos os ativos internacionais estão em bolsas. Quanto mais globalizado o mundo, mais fácil o dinheiro se move. Não podemos esquecer que o dinheiro circulante é o mesmo, ele apenas troca de mãos, de países, de continentes. O cérebro humano tem uma agilidade incrível quando o assunto se refere ao “lubrificante do universo” - o dinheiro. Tal qual a manada de búfalos os investidores da ponta perdedora vendem seus ativos mais líquidos, isto é, aqueles de fácil negociação, dependendo do volume dessas vendas e da intensidade de vendedores, ocorre o efeito manada, todos se dirigem para o mesmo precipício derrubando os mercados sucessivamente. Experiências mostram que o ser humano apesar da sua racionalidade e agilidade mental, no mercado financeiro, as decisões dos investidores nem sempre seguem a racionalidade. As questões psicológicas podem levar a um comportamento equivocado, arrastando os investidores a um excesso de confiança e otimismo como o que vivemos no mercado das commodities. Recentemente governantes afirmaram que a crise financeira não chegaria até nosso país. Hoje, ao contrário, o Ministro Mantega admite: “ - O grande problema que estamos tendo é a perda de confiança nas instituições financeiras e isso se refletiu no mundo todo respingando no Brasil”. É o efeito manada! Mas em economia uma coisa é certa, muitos perdem, seus ativos viraram pó, enquanto que uns poucos ganham. Quando isso vai terminar, só o tempo nos dirá.
Soja: uma reflexão sobre as perdas
Com a volatilidade do mercado, escrever opinar com horas de antecedência é um ato de loucura, mas vamos retornar um pouco no tempo. A soja atingiu sua cotação mais alta num momento em que se apregoava que faltaria alimentos em função dos biocombustíveis, dentre outros argumentos, US$ 17,93 dólar por bushel (27,216 kg) o que resultaria com a cotação ao câmbio de hoje em R$ 90,02 por saco de 60 kg FOB estivado no porto de Rio Grande. O Dólar fechou o dia valendo R$ 2,3130 com uma alta de 12,69% em três dias. Enquanto que a soja, após uma queda livre conseguiu parar em US$ 9,68 por bushel, que convertido em reais aproxima-se a R$ 47,00. A BOVESPA nesses mesmos três dias acumulou uma perda de 27%. Fico imaginando, quantos foram os especuladores que ficaram com posições vendidas acima de US$ 17.00 por bushel de soja. Quarta-feira, dólar dispara abre a R$ 2,45!
Falta de crédito preocupa agricultores e fornecedores.
Mesmo com o anúncio de antecipação de R$ 5 bilhões para o crédito rural, tanto o Ministério da Agricultura, quanto o restante da cadeia produtiva estão preocupados com a falta de recursos para o plantio da atual safra de verão. Segundo a visão do Ministério da Agricultura o problema é financiamento e não a demanda mundial por alimentos, a liquidez, apesar de grave, deverá ser resolvida nas próximas semanas, com a antecipação de recurso para o Banco do Brasil S.A. que é o principal financiador do agronegócio, antecipou o Ministro da Fazenda Guido Mantega.
Notícia veiculada nos principais informativos sobre agronegócios na Argentina
“Adeus elevados preços: soja em Chicago tem um valor inferior a um ano atrás”
A posição da CBOT soja em novembro de 2008 fechou hoje em US$ 338,7 u s / t, quase 2% inferior ao equivalente contrato de um ano atrás. Preços internacionais de grãos (e demais commodities) continuam em plena queda, como parte de uma reavaliação dos E.U. e o fortalecimento do dólar apresenta um novo cenário para o setor agrícola argentino, que deverá recomeçar com fortes manifestações por parte dos agricultores. O Presidente da Sociedade Rural de São Pedro entende que o movimento se faz necessário para conscientizar mais ainda à sociedade urbana das dificuldades encontradas pelo campo e tem como principal fundamento desativar o que eles consideram de anti-política agrícola. De maio a julho passado Buenos Aires foi invadido por milhares de agricultores que reivindicavam liberdade para exportar grãos e carne. Podemos questionar: - E nós com isso! Temos nossos próprios problemas, que não resolvemos por falta de união. O Brasil é altamente dependente do trigo Argentino e a Argentina volta a ser parceiro interessante. Com a crise atual de dólares, linhas de crédito, moeda desvalorizada e a possibilidade de comercialização em pesos e reais com os países do Mercosul a redução nas exportações de carne argentina oportuniza ao Brasil atender o mercado da Comunidade Econômica Européia. O interessante disso tudo é que, nossos vizinhos agricultores castelhanos são unidos e conseguem reverter inclusive questões tributárias, o agricultor brasileiro fica a espera das minguadas conquistas da Bancada Ruralista no congresso.
Se a moda pega
Em Florianópolis e Porto Velho os municípios foram condenados por má conservação de via pública. Em Santa Catarina a 1ª Câmara condenou o município de Florianópolis ao pagamento de uma indenização por danos materiais de R$ 851,00 e por danos morais e estéticos de R$ 10.000,00 a um ciclista que sofreu ferimento ao cair num buraco em via pública, sem sinalização. Em Rondônia o Município de Porto velho uma moradora ajuizou e ganhou ação de indenização contra o município por ter caído em um buraco em via pública e sofrido diversas lesões. Para o juiz, é evidente a relação do dano comprovado e a causa do mesmo. "A omissão da Administração Pública e sua desídia em relação à conservação e manutenção das vias públicas são responsáveis pelos infortúnios suportados pela autora, e por tal conduta omissa deverá ser responsabilizado civilmente. A conservação e fiscalização das ruas, estradas, rodovias e logradouros públicos inserem-se no âmbito dos deveres jurídicos da Administração razoavelmente exigíveis, cumprindo-lhe proporcionar as necessárias condições de segurança e incolumidade às pessoas e aos veículos que transitam pelas mesmas. A omissão no cumprimento desse dever jurídico, identificada como causa do evento danoso sofrido pelo particular, induz em princípio, a responsabilidade indenizatória do Estado". Fonte: TJ SC e TJRO. Diante do estado lamentável de nossas rodovias e vias públicas imaginem se todos os prejudicados acionarem o poder público para se ressarcir de danos materiais, morais e estéticos.
Para Reflexão
Ao prefeito, Vice-prefeito e membros do novo legislativo: pensem!
"A vocação de um político de carreira é fazer de cada solução um problema." Woody Allen