terça-feira, 14 de julho de 2009

ZERO HORA

12 de julho de 2009 | N° 16028 TEMA PARA DEBATE
Então, viva o Enem!,
por Régis Gonzaga*

Quando o ministro da Educação disse que destinaria verbas especiais somente para as universidades que adotassem o Enem para selecionar seus candidatos, fiquei esperando a reação dos professores da UFRGS, pois intervenções de tal ordem na autonomia universitária só ocorreram durante o Estado Novo e a ditadura militar.

Quando o MEC afirmou que o vestibular era uma prova apenas de “decoreba”, fiquei esperando pela manifestação das centenas de professores da UFRGS que, no transcurso das últimas quatro décadas (exceção feita a curto período), prepararam incontáveis provas da mais alta competência, lisura e de justa avaliação dos vestibulandos, a tal ponto, que os ex-alunos desta universidade são hoje filósofos, médicos, políticos, administradores, engenheiros, cientistas e profissionais de todos os setores, disputados no mercado e reconhecidos por sua excelente formação.

Quando autoridades educacionais do MEC atacaram o conhecimento, numa fúria irracionalista, propondo uma prova de charadinhas ao invés de conteúdos, fiquei esperando pelo protesto dos doutores da UFRGS que se alçaram pelo culto ao saber, pela ânsia de informação, pelo esforço ilimitado, muitas vezes sacrificando sua vida pessoal, sua família, quando não a própria saúde, para que o conhecimento esclarecesse a realidade física ou espiritual em que todos estamos inseridos.

Fiquei também esperando pela manifestação dos professores de Letras, que durante anos lutaram pela implantação da lista de leituras obrigatórias; dos professores de História, que, com enormes dificuldades, conseguiram colocar elementos da formação rio-grandense nos tópicos do vestibular; dos professores de Engenharia, que só podem trabalhar com alunos que saibam o básico de álgebra, trigonometria, geometria etc.; dos professores de Medicina, que precisam de jovens com fortes noções de genética e fisiologia, e assim por diante.

Dado o silêncio geral, entendi que o ministro tinha razão. Que, ao contrário dos países desenvolvidos, aqui, em nossas escolas, há conhecimento demasiado, saberes inúteis, conteúdos tolos. Entendi que a memorização é um crime, que ter noções universais da ciência, das línguas, da história e da literatura é babaquice burguesa e que decorar a tabuada é uma violência contra pobres seres indefesos. Entendi que os pensadores iluministas (do século 18 ao século 20), que acreditavam na força da ilustração como elemento libertador do homem, eram apenas cavalgaduras face aos novos pedagogos da nação brasileira. Assim, o problema do nosso ensino não são os baixos salários, a ausência de reciclagem e motivação dos professores, as teorias pedagógicas estarrecedoras (e que não foram aplicadas em nenhum país próspero do mundo), a falta de reais e sedutores desafios cognitivos aos alunos etc. etc. etc. Não. O nosso problema é o conhecimento em demasia.

Sendo assim, só nos resta uma saudação: Viva o Enem!

zerohora.com

Você concorda com a ironia do articulista ou acha que o Enem como vestibular é
um avanço?

*Professor

FOLHA DO NORDESTE

LEODÁRIO SCHUSTER
leodario.schuster@terra.com.br

O Conselho Monetário Nacional publicou resolução que muda as regras para a liberação do crédito para a safra 09/10. O objetivo é flexibilizar as exigências do Banco do Brasil e outras instituições financeiras para facilitar o acesso dos produtores aos recursos oficiais para o plantio da próxima safra, que começa a ser semeada a partir do segundo semestre. Para melhor informar aos leitores da Folha do Nordeste estivemos com o Gerente Geral da agência do Banco do Brasil, Sr. Iraci Moresco. Como as medidas são muito recentes, ele gentilmente nos colocou em contato com a Superintendência no RS do Banco do Brasil. O contato foi efetuado com a assessora de Imprensa Michele Cardoso que além de prestar diversos esclarecimentos repassou na íntegra a Instrução CVM nº. 358 a qual transcrevemos na íntegra.

FATO RELEVANTE

Em conformidade com o § 4º, do artigo 157, da Lei nº. 6.404, de 15 de
dezembro de 1976, e com a Instrução CVM nº. 358, de 03 de janeiro de 2002, o Banco do Brasil S.A. comunica que:

1. O Conselho Monetário Nacional (CMN) editou resolução de nº. 3.749, em
30/06/2009, que possibilita a revisão da classificação de risco de
operações de crédito rural objeto de renegociação ao amparo de decisões
daquele CMN.

2. No Banco do Brasil, os efeitos da referida resolução são aplicáveis às
operações rurais prorrogadas a partir da safra agrícola 2004/2005, cujos
titulares permanecem na atividade agropecuária e estão habilitados a operar
com o BB.

3. Estudo técnico realizado pelo BB, submetido ao Banco Central do Brasil,
aponta possibilidade de revisão do risco de crédito de operações rurais que
somam R$ 11,2 bilhões, de 93 mil produtores, mediante restabelecimento do
risco original quando da contratação da operação.

4. A referida reclassificação representará a liberação de R$ 332 milhões de
provisões anteriormente constituídas, que serão destinados, integralmente,
para reforço das provisões adicionais aos critérios da Resolução 2.682/99,
no 2º trimestre de 2009.
Brasília (DF), 02 de julho de 2009.
Como podemos observar somente junto ao Banco do Brasil 93 mil produtores serão beneficiados com a reclassificação. As demais instituições financeiras também deverão adotar o mesmo procedimento, certamente um volume maior de recursos chegará ao campo. O governo sempre anunciou que ia inundar a agricultura com recursos, mas esses sempre esbarravam em algum desses problemas que de ora em diante estão sendo revistos.
Relatório da Conab sobre safra futura de soja
A produção brasileira de soja deve totalizar 57,134 milhões de toneladas na temporada 2008/09, com recuo de 4,8% na comparação com a safra 2007/08, que totalizou 60,017 milhões de toneladas, conforme o décimo levantamento da safra brasileira, divulgado há pouco pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).
A área plantada com soja no Brasil na temporada 2008/09 está estimada em 21,730 milhões de hectares, alta de 2,0% na comparação com os 21,313 milhões de hectares cultivados no ano passado. A produtividade está estimada em 2.629 quilos por hectare, 6,6% inferior aos 2.816 quilos obtidos na temporada anterior.
No Mato Grosso, principal estado produtor, o plantio está projetado em 5,828 milhões de hectares, aumentando 2,7%. A produtividade média deverá recuar 2,0%, passando de 3.145 para 3.082 quilos por hectare. Com isso, a produção poderia atingir 17,962 milhões de toneladas, com aumento de 0,6% na comparação com a safra passada.
Os produtores do Paraná cultivaram 4,069 milhões de hectares em 2008/09, registrando um incremento de área de 2,3%. O rendimento está projetado em 2.337 quilos por hectare, com queda de 21,9% frente à temporada anterior, de 2.991 quilos por hectare. A produção paranaense deve recuar 20,1%, totalizando 9,509 milhões de toneladas, contra as 11,896 milhões de toneladas colhidas na temporada passada.
Para o Rio Grande do Sul, a Conab estima área de 3,822 milhões de hectares, com recuo de 0,3% sobre o ano passado. A produtividade poderá passar de 2.028 para 2.070 quilos por hectare, com elevação de 2,1%. A produção resultaria em 7,912 milhões de toneladas, apresentando alta de 1,8% frente à safra passada.
Atos secretos x Contas secretas
Inacreditável, o Senado Federal cada dia apronta uma, não bastassem os recentes descaminhos, desde a adulteração de votação no painel eletrônico até os atos secretos, agora aparecem contas secretas. Mas como? Conta secreta, isso é coisa de paraíso fiscal. O cidadão comum precisa apresentar, além de seus documentos pessoais, comprovante de residência para abrir uma conta bancária. Os aposentados tem que provar que estão vivos para receberem seus minguados reais. Mas como o Brasil tem uma classificação de cidadãos comuns e cidadãos incomuns talvez esses não precisem sequer ter identidade.
Uma mulher Presidente
O cinqüentenário Rotary Club de Lagoa Vermelha empossou na última terça-feira seu novo Conselho Diretor. Tail Salman, numa concorrida cerimônia, passou a presidência à Companheira Antoninha Krindges, a primeira mulher a dirigir Rotary em Lagoa Vermelha. Em sua mensagem Antoninha diz – “Esperamos demais para fazer o que precisa ser feito num mundo que nos dá um só dia de cada vez, sem nenhuma garantia do amanhã. Enquanto lamentamos que a vida é curta, agimos como se tivéssemos a nossa disposição um estoque inesgotável de tempo”. Disso podemos compreender que ela não está disposta a perder tempo.
Para reflexão
Dedicamos esse pensamento de Victor Hugo, a atual presidente do Rotary Club de Lagoa Vermelha.

"O futuro tem muitos nomes. Para os fracos, é o inatingível. Para os temerosos, o desconhecido. Para os valentes, a oportunidade”.