quarta-feira, 18 de novembro de 2009

FOLHA DO NORDESTE

LEODÁRIO SCHUSTER
leodario.schuster@terra.com.br
Ministro diz que reajuste de aposentados só depois do pré-sal
As palavras do ministro nos fazem retroceder ao antigo Egito e talvez tenham sido inspiradas pelo processo de mumificação usado na época: “Mumificação é o nome do processo aprimorado pelos egípcios em que se retiravam os principais órgãos, além do cérebro do cadáver, dificultando assim a sua decomposição. Geralmente, os corpos eram colocados em sarcófagos de pedra e envoltos por faixas de algodão ou linho. (hoje em ataúdes de pinus) com algumas flores em volta Após o processo ser concluído eram chamadas de múmias. A mumificação era um processo bastante complexo e demorado. O sacerdote (embalsamador de nome Luizinho) começava por retirar o cérebro do morto, hoje esse processo inicia quando o candidato à aposentadoria entra na fila, portanto mais demorado e além de tudo dolorido. Depois, faziam um corte no lado esquerdo do corpo, (efetuado num ambulatório do SUS) retirando os órgãos, que eram colocados em vasos próprios e guardados no túmulo, hoje devido a crise em sacolas de supermercado, há exceção do coração, que, por ser necessário na outra vida, era recolocado no seu lugar. Existe um temor por parte dos políticos e burocratas que em outras vidas eles sejam candidatos e precisem do voto do embalsamado, portanto o coração será extremamente útil para ser ‘amolecido’ com a ladainha de sempre. Finalmente, o corpo era coberto com natrão (cristais de sal, hoje possivelmente será extraído da camada do pré-sal, por isso a afirmativa do ministro) e deixado a secar durante 40 dias. Hoje dado o avanço da ciência e das artimanhas governamentais o processo pode durar até 40 anos”. Bem, vamos deixar o passado e as comparações e tentar entender o que a Agência Estado divulgou sobre o atual processo de embalsamar aposentados.
O ministro da Previdência Social, José Pimentel, disse essa semana que a proposta de reajuste dos aposentados e pensionistas com benefícios acima do salário mínimo só será votada no Congresso depois da aprovação dos projetos relacionados ao pré-sal. “Tivemos uma reunião com todos os líderes da base do governo Lula na última semana e eles pediram um prazo para, terminada a votação do pré-sal, votar a matéria dos aposentados e pensionistas. Essa é uma demanda que vem de todos os líderes da base do governo e vamos atendê-la", disse, após se reunir com empresários na sede da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp).
O projeto concede a 8,2 milhões de aposentados e pensionistas um reajuste de 6,3%, que repõe a inflação do período, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC), e acrescenta um aumento real de 2,5%, que corresponde à metade do crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 2008. A proposta foi acertada com a Central Única dos Trabalhadores (CUT) e a Força Sindical em agosto e deve resultar em um gasto extra de R$ 3 bilhões à Previdência. Já as demais centrais sindicais querem arrancar um reajuste real maior que o oferecido e os líderes da oposição prometem obstruir as votações referentes ao pré-sal para pressionar o governo.
Para o ministro, a demora em votar a proposta não deve prejudicar os segurados, que devem receber o benefício a partir de janeiro. "O reajuste será concedido a partir de 1º de janeiro e o pagamento será após 25 de janeiro", limitou-se a dizer. (Fonte: Agência Estado.) Assim, nós aposentados, quero dizer, mumificados, aguardaremos pacientemente, pois, ainda nem sabemos se o pré-sal é grosso para churrasco ou refinado para cozinha.
Sojicultor argentino pretende invadir lavouras brasileiras
Depois da chegada dos Americanos, europeus e chineses no cerrado brasileiro, chegou à vez dos argentinos que por inúmeros fatores, alguns deles relatados pelo: Diário Comércio, Indústria & Serviços, os quais procuraremos sintetizar: As retenções (imposto sobre exportações) e os efeitos negativos do clima estão fazendo com que grandes grupos argentinos intensifiquem um movimento migratório, expandindo sua área de produção no Brasil e no Uruguai. MSU, El Tejar e Los Grobo são exemplos de empresas que estão apostando no cultivo de soja para além da fronteira e, ampliando, em média, 80% da área plantada no Brasil. O fenômeno se apresenta de forma tão significativa que em alguns casos a Argentina deixou de ser a principal plataforma de plantio.
Oscar Alvarado, presidente da El Tejar, afirmou ao jornal La Nación que a aposta no plantio em países vizinhos tem um claro significado para a companhia. "Incrementamos nossa presença no Brasil e no Uruguai. No Brasil, com um incremento de 80%. No Uruguai, subimos entre 15% e 20%", disse. A empresa luta para manter a produção na Argentina, o que está cada dia mais difícil em razão das altas taxas para exportação cobradas pelo governo e pela estiagem.
A Los Grobo, segunda maior produtora de soja da Argentina, também divulgou que pretende duplicar a extensão de suas terras em um período de três a quatro anos e o Brasil será o principal foco dessa expansão. Hoje a companhia realiza 50% de sua produção na Argentina, 30% no Uruguai e 20% no Brasil. "O crescimento terá de ser feito principalmente através do Brasil, porque o Brasil é onde há a maior parte do espaço físico disponível para crescer", avaliou Gustavo Grobocopatel, presidente da Los Grobo. "Nossas terras atualmente ocupam 250 mil hectares e acreditamos que a empresa deveria operar o dobro dessa área no prazo de três a quatro anos", destacou o presidente do grupo. A empresa produz 2,5 milhões de toneladas de soja ao ano, e pretende colher pelo menos 4 milhões de toneladas até a safra 2013/2014.
Grobocopatel explica que a produção na Argentina caminha para a estagnação e restam apenas 3 ou 4 milhões de hectares para expandir as lavouras, e essas são áreas, na maioria, de qualidade inferior, enquanto no Brasil há 20 milhões de hectares de áreas de primeira qualidade prontas para serem desenvolvidas. O principal executivo da Los Grobo salienta que o preço da terra é importante, mas o grau de desenvolvimento do setor agrícola no Brasil é um grande atrativo.
Assim como o Brasil, o Uruguai também sofre uma verdadeira invasão argentina. De acordo com levantamento feito pela Federação Rural do Uruguai cerca de 35% do 1 milhão de hectares cultiváveis no país pertencem a produtores argentinos. Os uruguaios até criaram a expressão "sojização" para apontar o fenômeno.
"Nossa produção de soja vem se superando ano a ano e irá atingir um recorde nessa safra. Grande parte disso se deve a entrada de produtores argentinos no Uruguai. É uma presença cada vez mais importante e que acontece de forma crescente", avaliou Diego Risso, secretário-geral da Associação de Sementes das Américas (SAA), órgão uruguaio que controla a comercialização de sementes no país.
Além das altas taxas para exportação cobradas pelo governo argentino, o clima também tem se mostrado um importante complicador. Dez dos 30 milhões de hectares agrícolas da Argentina correm o risco de não produzirem nada este ano.
A persistente estiagem que prejudica o país há meses, especialmente na região oeste, começa a colocar em dúvida até mesmo a produção recorde de soja. Na Bolsa de Cereais de Buenos Aires as expectativas são negativas. Há um estado de alerta pelo clima ruim, restam cerca de dez dias para semear a soja de primeira (a de maior rendimento) na região central do País. Resta a pergunta: e o agricultor brasileiro, com parcos recursos e endividado, como ficará?
Para Reflexão
"Sempre houve o suficiente no mundo para todas as necessidades humanas; nunca haverá o suficiente para a cobiça humana." Gandhi.