terça-feira, 9 de junho de 2009

FOLHA DO NORDESTE

LEODÁRIO SCHUSTER


leodario.schuster@terra.com.br


Imaginem um emaranhado de notícias sobre estiagem no sul, enchentes no norte, milhares de pessoas desabrigadas, outras tantas sem um rumo, sem um norte para suas vidas, escândalos políticos, que descem do planalto até a planície. Castelos e casas com origens difíceis de explicar. Manifestações de toda ordem, profissionais da educação, segurança, agricultores e Prefeituras fechadas como forma de sensibilizar o poder, tanto Estadual quanto Federal. Aviões despencam dos céus e o Presidente Luizinho viaja. Afinal o avião é novo, as manifestações velhas e rançosas e os manifestantes têm memória curta.
Deixem-nos votar com Memória
A memória é a ferramenta intelectual e simbólica que nós deveríamos usar nas próximas eleições. O setor agrícola é um pilar fundamental de suporte econômico, o agronegócio representa mais de 40% do PIB brasileiro. Pela vivência de mais de 40 anos ligado ao setor, sempre estivemos de chapéu na mão, os mais idosos contestarão essa afirmativa. A agricultura sempre dependeu de iniciativas dos governos, desde os primórdios da história. É certo que o agronegócio cresceu, mas junto com ele também a tecnologia, o endividamento e as dificuldades do setor. Sem medo de errar o agronegócio ainda continua a ser um compromisso básico da economia nacional, porém nossos políticos parecem ter perdido a memória. Não é só pelos escândalos do desvio de recursos que devemos refletir, mas também pelo descaso, por estarem se lixando para o povo. E isso não é só a nível de Brasil, quero crer que muitos outros países estão em situação semelhante. Notícias dessa ordem podem ser lidas a seguir.
A caída econômica e as conseqüências do clima mantêm as cidades mais prósperas do país em uma letargia preocupante.
Os últimos anos foram críticos para o campo. A seca prolongada nas áreas principais de produção agrícola mantém comprometidas numerosas comunidades do interior, que historicamente eram ricas e prósperas. Para isto é necessário somar as recentes geadas e o granizo que destruíram as lavouras. A falta de incentivos do estado para a situação difícil que os produtores pequenos e médios vivem. Onde muitos tem optado a não prosseguir as colheitas, arrendar as terras e liquidar a propriedade rural antes de ter perdas maiores, que completam um enredo devastador para o interior do país. Os relatórios e o pressagio é abundante sobre o futuro preto do setor agrícola caso não sejam modificadas as medidas atuais do governo. Fonte: parte do editorial de El Nuevo Agro (Argentina).
Agricultores dos EUA começam a sentir um aperto no credito
A escassez do crédito nos Estados unidos chegou ao campo. Os bancos que emprestam para a agricultura estão apertando suas exigências de crédito, deixando alguns produtores rurais sem dinheiro para plantar ou alimentar seus animais, agora que a época do plantio está chegando ao fim. A retração que vai se aprofundando nos setores pecuários, de laticínio e álcool de milho aumentou os problemas dos agentes financeiros. A notícia também faz parte de artigo de Lauren Etter no The Walt Street Journal – EUA.
Enquanto isso no Brasil
A situação é idêntica. Municípios em situação de emergência devido ao caos climático e cambial. Os bancos também estão cautelosos, ao ponto de se aventurarem a perderem o que já está emprestado do que emprestar dinheiro novo. Em suas últimas declarações o Ministro Mantega, diz não estar satisfeito com juro real de 5%. Segundo ele, esse nível de taxa de juros real contempla basicamente investimentos, mas o custo financeiro para a tomada de empréstimos por empresas e cidadãos está ainda bem alto. "O tomador de crédito paga 28%, 30%, 40%, 50% ao ano. (O juro do) crédito ao consumidor está estupidamente elevado", afirmou. – (Agência Estado). Mas a preocupação dele é com as montadoras de veículos e fabricantes de eletrodomésticos. Setores altamente atrativos ao capital internacional onde crise tem alterado o perfil do investimento produtivo no Brasil. Dados do Banco Central (BC) mostram que atividades ligadas ao mercado interno têm atraído cada vez mais as multinacionais interessadas no aumento da renda do brasileiro. O melhor exemplo é o setor automobilístico, que tem recebido cada vez mais dólares. De janeiro a abril, o investimento estrangeiro direto (IED) no segmento saltou 221% ante igual período de 2008. A Informática, os eletrônicos e as telecomunicações também tem apostado mais fichas no País. As áreas que estavam no olho do furacão da crise diminuíram o ritmo. Não podemos esquecer que o único fabricante de dinheiro novo é o agronegócio. Sem ele esse aumento de renda do brasileiro poderá ter uma conotação igual ou pior do que a bolha imobiliária americana.
Brasil exportará volume recorde de soja
Diante do quadro que se apresenta os Chineses já compraram praticamente todo o alimento in natura que necessitam, os Russos também e os Árabes prometem inundar o país com petrodólares numa ânsia frenética de garantir alimentos. A Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove) previu que o Brasil exportará um volume recorde de soja em grão na atual temporada, entre fevereiro de 2009 a janeiro de 2010 (2009/10).
A entidade elevou a sua expectativa de exportação de soja para 24,8 milhões de toneladas contra 24,5 milhões de toneladas na projeção divulgada no final de abril, em meio a recordes mensais consecutivos registrados nos embarques brasileiros em abril e maio.
Ao mesmo tempo em que elevou sua previsão de exportação, a Abiove reduziu a projeção da safra 2008/09, cuja colheita foi encerrada há alguns meses - para a Associação, o ano agrícola 08/09 equivale ao seu ano comercial 09/10 (fevereiro-janeiro). A atual previsão é de uma colheita de 57,4 milhões de toneladas, ante 57,7 milhões de toneladas na estimativa de abril e contra 59,9 milhões de toneladas na safra passada.
Para reflexão
"Deveríamos usar o passado como trampolim, e não como sofá."
Harold MacMillan