terça-feira, 27 de janeiro de 2009

FOLHA DO NORDESTE

LEODARIO SCHUSTER
leodario.schuster@terra.com.br

Sempre que escrevo, procuro iniciar com um tema atual, ou pelo menos a meu ver, interessante. Pois bem, nada existe mais atual do que o impasse diplomático que está prestes a acontecer entre Brasil e Itália, provocado por uma decisão unilateral e tendenciosa. Depois dessa certamente muitos mafiosos buscarão refúgio aqui, afinal é um porto seguro e para quem vem com euros, um país maravilhoso. Também, por mais inverossímil que pareça nossa governadora faz planos de comprar um avião com autonomia para viagens internacionais. Certamente será adquirido, como fez o Presidente, de um país amigo, pois os aviões fabricados no Brasil parecem que só atendem as necessidades de milionários europeus, árabes, norte americanos... A discussão é bonita e democrática por isso nos leva a fazer certas reflexões. Quantas viagens internacionais urgentíssimas fazem os governadores durante seu mandato? E o atual mandato está passando da metade. Como o último ano será dedicado à campanha eleitoral, talvez nem decole. A não ser o vil metal do tesouro do Estado para pagar uma brincadeira do presidente Luizinho.

A Organização Internacional do trabalho prevê aumento no desemprego
Em relatório recentemente divulgado, a OIT prevê um crescimento no desemprego que poderá chegar aos 2,5 milhões de pessoas. A projeção é apenas para a América Latina e Caribe. Não é novidade, o noticiário de qualquer emissora de TV ou jornal dá ênfase à quantidade de postos de trabalho que são fechados todos os dias. E é só uma marolinha. Tão pequena que não assusta nem sequer nossa Governadora. Sem trabalho não há consumo, sem consumo não gera tributos, sem tributos o caixa do estado esvazia. A chegada da crise internacional interrompe um ciclo produtivo de forma inesperada. Muitos projetos estão sendo arquivados pelos empresários e pelos trabalhadores. A crise econômica interrompe o ciclo de crescimento, deixando muitas famílias sem sono, pois apostou na casa própria, no carro novo, nos eletrônicos, tudo em longo prazo. Afinal era o indicador econômico de alguns meses. Quantos reais se transformaram em fumaça só no valor dos veículos novos?
Festa Nacional do Churrasco
Quando essa edição circular, estaremos no auge da XIV Festa Nacional do Churrasco, do XIX Rodeio Crioulo Nacional da, V Mostra de Doces e Comida Campeira e agregado a todos esses atrativos a Mostra de Fotografias. A movimentação no parque está acelerada, tudo está ficando nos trinques para receber o povo daqui e quem vem de fora, pois temos notícias de que virão em grande número. A fama da festa está se espalhando cada vez mais. Já existe paulista bicudo porque não vai poder vir, no entanto esse que vos escreve terá a satisfação de receber o grande amigo Salazar e sua família (Vani e Gica) vindos de Gravataí. Também estará abrilhantando esse grande evento o tio da minha esposa, Xirú Pereira índio nascido nos Pizzamiglio, monumental show. Se continuar nesse compasso logo os Castelhanos terão mais um motivo para acelerar seus “coches” e parar ao menos uma noite em Lagoa Vermelha. Serão bem-vindos e recebidos com muita alegria e camaradagem.
A estiagem e o mercado Chinês animam o mercado de soja
A quebra de safra na América do Sul e o aumento da demanda de asiáticos, além da valorização do dólar, eleva os preços do grão O produtor brasileiro de soja começa a driblar a atual crise financeira, uma das mais graves desde 1929. Ao iniciar o plantio os produtores estavam num dos momentos mais críticos e não viam nenhuma perspectiva de rendimento. Crédito escasso e com os custos elevados, o plantio indicava uma das mais arriscadas aventuras. Até certa irresponsabilidade por parte do agricultor, uma vez que tradings haviam saído completamente do mercado, impossibilitando qualquer risco maior, ou seja, uma venda futura para efetuar o plantio. Os preços e a comercialização eram as principais incógnitas para a colheita. Até porque na última safra tivemos preços jamais imaginados. Hoje, em algumas regiões onde já existe soja colhida, como no centro-oeste os preços andam ao redor de US$ 20.00 por saco. Em nossa região existem ofertas por parte das tradings que superam R$ 50,00 por saco. Quanto à produtividade, para nós ainda é cedo para ter uma noção, mas temos notícias de que a média poderá ser de 55 sacos por hectare, naturalmente que nas regiões onde a colheita já iniciou. A mudança de cenário se deve a própria crise econômica que tem provocado uma alta do dólar em relação ao real. A seca que atinge algumas regiões do Sul do Brasil, em especial o Rio Grande do Sul, Argentina e Paraguai podendo provocar uma quebra ao redor de 12 milhões de toneladas contribui para manter as cotações em níveis razoáveis. Para nós basta saber se o dólar não vai derreter na época da colheita. Além disso, a China elevou suas compras. Os Estados Unidos sempre exportaram mais milho do que soja, hoje está numa situação inversa. Para os produtores de nossa região, a preocupação ainda é o clima (muitos produtores do Paraguai, do Paraná, do Rio Grande do Sul e da Argentina irão colher o suficiente para pagar o custo do arrendamento) e se os chineses vão manter o apetite de compras.
Projeto obriga montadoras a plantar árvores
A Câmara analisa o Projeto de Lei 4380/08, do deputado José Chaves (PTB-PE), que obriga as montadoras de automóveis a plantar árvores em número proporcional à quantidade de veículos que produzirem. A medida vale para qualquer automóvel, utilitário, caminhão e máquina agrícola. A proposta prevê que deverá ser plantada uma árvore para cada veículo produzido de até mil cilindradas; duas árvores para cada veículo produzido com potência acima de mil cilindradas e não superior a duas mil cilindradas; e três árvores para cada veículo com mais de duas mil cilindradas. De acordo com o deputado, é preciso de alguma forma obrigar a indústria automobilística a compensar a poluição produzida pelos automóveis. "Os veículos são responsáveis por 97% das emissões de monóxido de carbono, 97% de hidrocarbonetos, 96% de óxidos de nitrogênio, 40% de material particulado e 32% de óxidos de enxofre na Grande São Paulo", destacou o parlamentar. O projeto prevê que as montadoras poderão, em vez de plantar as árvores, repassar ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) o valor correspondente ao custo desse plantio. Fonte: Agência Câmara
“O que está acontecendo com as florestas naturais, principalmente com a Amazônia, será que também não necessita a mesma atenção?”
Para reflexão
• "O homem não teria alcançado o possível, se inúmeras vezes não tivesse tentado atingir o impossível." Max Weber

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

VIDA

FOLHA DO NORDESTE

LEODÁRIO SCHUSTER leodario.schuster@terra.com.br

A sociedade contemporânea apresenta, ao longo do tempo, situações, fatos, decisões que muitas vezes ficamos pensando: Será um mundo real ou uma ficção? Explico melhor, a reforma ortográfica implantada desde o início do ano para unificar os países de língua portuguesa que utilidade prática trará para nós brasileiros? Chegamos às raias da loucura ao jogar no lixo uma escrita aperfeiçoada no transcurso de séculos. Os livros, didáticos ou não, servirão apenas para a consulta dos tempos em que éramos donos de uma linguagem brasileira. O próximo passo talvez seja a unificação do linguajar, dos termos regionais, pois do esquilador de ovelhas nas barrancas do rio Uruguai até o catador de castanha do Pará existe uma diversidade muito grande de termos e do próprio linguajar, mesmo porque nosso povo é constituído das mais diversas etnias. Outra atitude que não consigo entender é o tratamento que o Estado dispensa aos professores. Para os menos avisados esses profissionais são considerados uma “casta” diferente, talvez até perigosa, pois influencia na formação do indivíduo. O professor tem a obrigação de conduzir a criança da alfabetização até as Universidades, contribuindo para que se tornem doutores. No entanto reivindicar uma melhoria salarial e o reconhecimento profissional é entendido como irresponsabilidade e desrespeito à sociedade. Seria a glória para qualquer governante se eles fossem como cordeiros: apenas balir e servir de repasto à cultura. Ah! Para concluir, além das loucuras financeiras e belicosas do mundo, temos a loucura política nacional. Estão transformando uma guerrilheira carrancuda numa simpática candidata à presidência da república através de cirurgias plásticas, lentes de contacto e sorriso meigo. A aparição em público na nova Dilma é surpreendente. Como diz o Tonho: morro e não vejo tudo. Será que plástica ganha eleição? Uma vez eram propostas, planos de governo, seriedade. Hoje uma tintura nos cabelos e um pouco de bravata já é o suficiente. Embora uma pesquisa particular num blog jornalístico aponte 97% de rejeição a qualquer candidato apresentado e apoiado pelo presidente. Pelo que se apresenta no cenário para 2010 é mais uma marola que o Luizinho terá que enfrentar.
E por falar em marola
O grupo Gerdau está adotando medidas de ajustes em suas unidades produtivas, assim como a Renault, a GM, a Sadia e tantas outras empresas, que para não terem os alicerces corroídos pela marola estão demitindo funcionários, cortando turnos, enfim, enxugando custos. Como todos sabem os primeiros a dançarem são os assalariados. Afinal de contas é só mudar a onda que eles estão ali prontos para reassumirem seus postos.
A crise econômica mundial não assusta o Governo
A crise econômica mundial não parece assustar tanto assim o Governo Lula. Mesmo com o pânico instaurado nos mercados, o orçamento para publicidade do governo será 35% maior em 2009. Segundo o Globo a estimativa é que sejam investidos R$ 547,4 milhões com comunicação social, que incluem a propaganda institucional e de utilidade pública da Presidência da República e de todos os ministérios. Em 2008, o investimento foi de R$ 406 milhões. Um dos focos do Governo este ano é promover a imagem do país no exterior. Para isso, gastará R$ 15 milhões por ano com a contratação da empresa de RP, trabalho a ser feito por 50 profissionais, com o objetivo de atrair investimentos. Ainda segundo o jornal, em 2008, a Secretaria de Comunicação (Secom) da Presidência conseguiu contratar despesas no valor de R$ 122,5 milhões e, em 2009, terá disponíveis R$ 155 milhões — mais 26,5%. Desse total, R$ 139 milhões são destinados à publicidade institucional.
USDA indica safra mundial de 233,20 milhões de toneladas de soja para 2008/09
O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou no início da semana o relatório de oferta e demanda mundial de janeiro para a soja na temporada 2008/09. O USDA indicou safra mundial de 233,20 milhões de toneladas, contra 234,65 milhões do relatório de dezembro. Os estoques de passagem foram reduzidos de 54,19 milhões para 53,94 milhões de toneladas. Para os Estados Unidos, a projeção subiu de 79,49 milhões de toneladas para 80,54 milhões. A estimativa para a safra do Brasil seguiu em 59 milhões. A projeção para a Argentina foi cortada de 50,5 milhões de toneladas para 49,5 milhões. Principais consumidores mundiais, os chineses deverão produzir 16,8 milhões e importar 36 milhões de toneladas. Os 27 países que compõem a União Européia deverão importar 14,15 milhões de toneladas. As importações do Japão seguem em 4 milhões de toneladas.
USDA projeta safra mundial de 791,04 milhões de toneladas de milho em 2008/09
O relatório de janeiro de oferta e demanda do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) apontou incremento na estimativa para a safra mundial de milho na temporada 2008/09. A previsão anterior, em dezembro era de 785,90 milhões de toneladas, mas a atual é de 791,04 milhões. Os estoques de passagem foram alterados de 123,83 milhões de toneladas para 136,03 milhões. O Departamento elevou a estimativa de produção dos Estados Unidos de 305,32milhões de toneladas para 307,39 milhões em 2008/09. As exportações foram reduzidas de 45,72 milhões de toneladas para 44,45 milhões e os estoques finais estão projetados em 45,48 milhões de toneladas, contra os 37,44 milhões indicados em dezembro. A safra da Argentina foi reduzida de 18 milhões de toneladas para 16,5 milhões e as exportações de 10,50 milhões de toneladas para 9 milhões. A África do Sul deverá produzir 10,5 milhões de toneladas, e exportar 2,5 milhões, mesmos números previstos no último relatório. O Brasil tem uma safra estimada em 51,50 milhões de toneladas, abaixo das 53,50 milhões previstas no relatório passado. A expectativa de exportação foi mantida em 9,5 milhões de toneladas. A produção da China foi alterada de 160 milhões de toneladas para 165,50 milhões, com estimativa de exportação mantida em 500 mil toneladas. A safra de milho da União Européia deverá chegar a 61,20 milhões de toneladas, contra as 60,92 milhões indicadas no mês passado, com exportações previstas em 2 milhões de toneladas.
Resumindo, para essa temporada a safra mundial de grãos está sendo estimada em 4,9% maior do que a safra passada. Sistematicamente o relatório de produção, demanda e estoques finais apresentam números ruins para a safra brasileira de grãos. É necessário sentir melhor os efeitos da estiagem na Argentina, Uruguai e Brasil, infelizmente há regiões com a produção altamente comprometida pela falta de chuvas.
Para reflexão
"Nossas dúvidas são traidoras e nos fazem perder o que, com freqüência, poderíamos ganhar, por simples medo de arriscar." William Shakespeare

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

VIDA

ARTIGOS ZERO HORA ED 15840 06 DE JAN DE 2008
Até quando?, por Gilda Pulcherio*
Recentemente tivemos notícias das mortes de dois jovens, um gaúcho e uma paulista, que sucumbiram após festas com ingestão de drogas, sejam elas lícitas ou ilícitas. Na ocasião, telefonou-me um jornalista de São Paulo que preparava uma matéria sobre as raves, perguntando se o Rio Grande do Sul, a exemplo de Santa Catarina, não dispunha de lei que proibisse a organização de raves. Ao que tive que lhe responder com um solene não! E que desconhecia algum movimento neste sentido.

Coincidentemente, eu lia o belo livro do médico Bernard Lown – A Arte Perdida de Curar. No capítulo sobre o lidar com a morte, Lown diz que “vasta aparelhagem entra em ação para servir mais à morte do que à vida”. Então me pus a pensar o quanto repudiamos liberar para a morte alguém que esteja só esperando por ela, mas facilitamos, e até estimulamos, como no caso do álcool, que jovens saudáveis com todo o futuro pela frente possam ir ao seu encontro em festas fartamente regadas a drogas e avalizadas por nós. Realmente é uma grande contradição.

Isto escancara a falta de empenho político em programas de prevenção ao uso de drogas em nosso país. Os pais não falam com seus filhos sobre drogas e as escolas oferecem, no máximo, algumas palestras ou oficinas no decorrer de um ano inteiro. Dá para aprender alguma coisa assim? Disciplina sobre drogas, nem pensar. Justo quando estudos brasileiros mostram que o conhecimento sobre as consequências do uso de drogas ilícitas, com o álcool não é assim, é um dos mais importantes fatores para a prevenção do uso entre jovens. Criamos alguns leitos para dependentes somente depois de muita pressão da sociedade.

Como nos contou uma mãe, em uma palestra, que se sentia completamente desamparada frente ao filho dependente de crack. Quando ele ficava sem dinheiro, “ia para as sinaleiras pedir moedas para comprar cola”. Quando ele ficava agressivo, ela “o acorrentava em casa e a polícia dizia que devia soltá-lo ou iria presa, que devia interná-lo”. “Se o levava para o posto, diziam que não havia vagas para a internação.”

Até quando vamos viver assim? Onde está o nosso empenho pela vida? Temos uma lei que proíbe dirigir após ingestão de álcool. Mas o que temos ouvido são depoimentos de donos de bares e restaurantes, assim como dos bebedores, de que não há mais preocupação com esta lei. Não há mais fiscalização como ocorria meses atrás. Realmente, estamos precisando de pessoas empenhadas em servir à vida e não à morte.

Bernard Lown lembra a compositora e cantora Joan Baez: “A gente não pode escolher como vai morrer. Nem quando. Só se pode decidir como se vai viver”.


*Psiquiatra – Instituto de Prevenção e Pesquisa em Álcool e outras Dependências

EDUCAÇÃO

ARTIGOS ZERO HORA ED Nº15837 03 DE JAN DE 2009
A missão do educador, por Rejane de oliveira
*Vários elementos são necessários para se ter uma educação pública de qualidade. O investimento público, a valorização dos educadores e o respeito à autonomia das escolas seguramente estão entre os principais. Não será possível garantir tal intento se os atores desta área ocuparem-se em apenas transferir responsabilidades.

O aluno tem que frequentar as salas de aula com o objetivo de construir conhecimento; o educador deve oferecer uma educação de qualidade; os pais, além de acompanhar o desempenho dos filhos, precisam atuar como agentes fiscalizadores; e o governo precisa viabilizar escolas com boa infraestrutura, repassar a totalidade das verbas de manutenção, garantir material pedagógico de qualidade, bibliotecas com bom acervo, laboratórios de informática, setores pedagógicos com pleno funcionamento e, principalmente, valorizar os trabalhadores em educação.

Infelizmente, o que observamos no Rio Grande do Sul é um governo mais preocupado em destruir a escola pública. Para tanto adota medidas como a enturmação, a multisseriação, o fechamento de bibliotecas, laboratórios e de setores pedagógicos. Um governo que se recusa a investir os 35% da receita corrente líquida na educação como determina a Constituição Estadual e que gasta energia para não implantar a lei do piso nacional do magistério.

A governadora Yeda Crusius ameaça os planos de carreira dos professores e dos funcionários de escola através da implantação na esfera pública da política de avaliação por desempenho com premiação. Tenta responsabilizar os educadores pelas mazelas da educação pública, profissionais que nos últimos anos têm feito de tudo para garantir o mínimo de qualidade à educação dos filhos dos gaúchos.

A avaliação por desempenho é mais uma tentativa encontrada pelo governo para fugir do debate em relação ao estabelecimento de uma política salarial séria e responsável para os trabalhadores em educação. É esquivar-se da sua responsabilidade enquanto garantidor de uma educação de qualidade para todos. É criar um ambiente de disputa entre as escolas e os trabalhadores, acabando com a paridade. Como avaliar o desempenho daqueles que estão aposentados?

É lamentável que o governo Yeda inspire-se em modelos de outros Estados, como São Paulo e Minas Gerais, que, diga-se, figuram abaixo do Rio Grande do Sul em termos de qualidade de educação, conforme o Enem.

Mas a incapacidade do atual governo gaúcho para debater um projeto político-pedagógico para a educação está retirando o Rio Grande do Sul das primeiras posições entre os Estados com a melhor educação pública do país. Se a sua intenção é destruir a educação pública, ele está conseguindo. Já a missão do educador será sempre a de lutar por uma escola pública de qualidade, mesmo que os governos não assegurem os meios necessários.


*Presidente do Cpers/Sindicato

segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

CUIDE-SE- ESTAMOS EM CRISE DE IDENTIDADE

VOCE É BRANCO?

CUIDE-SE!!!





Ives Gandra da Silva Martins*

Hoje, tenho eu a impressão de que o "cidadão comum e branco" é agressivamente discriminado pelas autoridades e pela legislação infraconstitucional, a favor de outros cidadãos, desde que sejam índios, afrodescendentes, homossexuais ou se auto-declarem pertencentes a minorias submetidas a possíveis preconceitos.

Assim é que, se um branco, um índio e um afrodescendente tiverem a mesma nota em um vestibular, pouco acima da linha de corte para ingresso nas Universidades e as vagas forem limitadas, o branco será excluído, de imediato, a favor de um deles! Em igualdade de condições, o branco é um cidadão inferior e deve ser discriminado, apesar da Lei Maior.

Os índios, que, pela Constituição (art. 231), só deveriam ter direito às terras que ocupassem em 5 de outubro de 1988, por lei infraconstitucional passaram a ter direito a terras que ocuparam no passado. Menos de meio milhão de índios brasileiros - não contando os argentinos, bolivianos, paraguaios, uruguaios que pretendem ser beneficiados também - passaram a ser donos de 15% do território nacional, enquanto os outros 185 milhões de habitantes dispõem apenas de 85% dele.. Nesta exegese equivocada da Lei Suprema, todos os brasileiros não-índios foram discriminados.

Aos 'quilombolas', que deveriam ser apenas os descendentes dos participantes de quilombos, e não os afrodescendentes, em geral, que vivem em torno daquelas antigas comunidades, tem sido destinada, também, parcela de território consideravelmente maior do que a Constituição permite (art. 68 ADCT), em clara discriminação ao cidadão que não se enquadra nesse conceito.

Os homossexuais obtiveram, do Presidente Lula e da Ministra Dilma Roussef, o direito de ter um congresso financiado por dinheiro público, para realçar as suas tendências, algo que um cidadão comum jamais conseguiria!

Os invasores de terras, que violentam, diariamente, a Constituição, vão passar a ter aposentadoria, num reconhecimento explícito de que o governo considera, mais que legítima, meritória a conduta consistente em agredir o direito. Trata-se de clara discriminação em relação ao cidadão comum, desempregado, que não tem este 'privilégio', porque cumpre a lei.

Desertores, assaltantes de bancos e assassinos, que, no passado, participaram da guerrilha, garantem a seus descendentes polpudas indenizações, pagas pelos contribuintes brasileiros. Está, hoje, em torno de 4 bilhões de reais o que é retirado dos pagadores de tributos para 'ressarcir' àqueles que resolveram pegar em armas contra o governo militar ou se disseram perseguidos.

E são tantas as discriminações, que é de se perguntar: de que vale o inciso IV do art. 3º da Lei Suprema?

Como modesto advogado, cidadão comum e branco, sinto-me discriminado e cada vez com menos espaço, nesta terra de castas e privilégios.


( *Ives Gandra da Silva Martins é renomado professor emérito das universidades Mackenzie e UNIFMU e da Escola de Comando e Estado do Exército e presidente do Conselho de Estudos Jurídicos da Federação do Comércio do Estado de São Paulo ).