quarta-feira, 4 de novembro de 2009

FOLHADO NORDESTE

LEODÁRIO SCHUSTER

leodario.schuster@terra.com.br
O homem é o único predador de si mesmo
Nós, ao contrário dos outros animais existentes sobre a face da terra, possuímos além de inteligência, racionalidade, ou seja, raciocinamos e usamos conhecimentos resultantes de princípios. Talvez seja esse o único diferencial que Deus legou ao homem para diferenciá-lo dos demais seres vivos resultantes de sua vontade. No entanto a cada dia que passa a cada notícia que a mídia divulga maior é o convencimento de que a moeda de troca, ou seja, o dinheiro provoca no homem o mais vil dos instintos, o de destruição de seu semelhante. É impressionante o número de temas que pode ser desenvolvido com tal raciocínio, porém o mais aflitivo de todos, ao menos no momento é a proliferação das drogas e de seu alto poder destruidor. Penso que os governantes de nossa pátria ainda não se deram conta de que estão reféns de traficantes, maiores e menores de idade. Tal qual outros países, a exemplo do México, segue o Brasil um caminho de difícil retorno. Desnecessário dizer que o estatuto do desarmamento, muito festejado por alguns, não atingiu os marginais, traficantes e assaltantes de bancos que estão com aparato bélico em igualdade com as forças armadas e muito superiores aos agentes policias que são a linha de frente para o combate. A história nos reporta às barbáries humanas, normalmente motivadas por conquistas de territórios, por ideologias, por motivos religiosos. Hoje o homem quer lucrar com o desespero do viciado. O direito a vida perdeu o sentido. Cada vez me convenço mais: roubaram-nos a liberdade de sermos livres e o Estado Democrático de Direito é impotente e omisso.
Reportagem nacional mostra que diretores de escolas públicas desconhecem gestão
Interessante pesquisa divulgada pela agenda 2020 – o Rio Grande que queremos - tendo como fonte a matéria publicada na última Revista Veja (01/11/2009) –A qual, devido sua importância transcrevo. “Está provado que a presença de um bom diretor não é apenas desejável - mas decisiva - para um elevado nível de ensino numa escola, seja ela pública, seja particular.
Por isso, merece atenção uma nova pesquisa que traz à luz o mais completo perfil já feito sobre esses profissionais no país. Antes do levantamento, que ouviu 400 diretores de colégios públicos no país inteiro, o conhecimento que se tinha sobre eles era, basicamente, intuitivo.
Agora, tratou-se de mensurar a realidade - e dimensionar os problemas. Logo de saída, a pesquisa, conduzida pelo Ibope em parceria com a Fundação Victor Civita, mostra que 64% dos diretores reconhecem, sem rodeios, não estar suficientemente preparados para exercer o cargo que ocupam.
Quando eles versam sobre o ofício, as fragilidades ficam ainda mais evidentes. A pesquisa indica que os diretores não costumam basear suas decisões em nenhuma meta acadêmica e chegam a ignorar a nota de sua escola nos rankings oficiais.
Talvez o mais preocupante de todos os dados, no entanto, diga respeito à visão que eles têm da função: apenas 2% deles se sentem responsáveis pelos maus resultados de sua própria escola, ao passo que os outros 98% culpam pais, professores, alunos, o colégio e até o governo.
Conclui o especialista Francisco Soares, da Universidade Federal de Minas Gerais:
- É preciso mudar urgentemente esse cenário para começar a pensar em bom ensino.
Não é tarefa simples. Há, no Brasil, pelo menos dois grandes obstáculos. A começar pela formação dos diretores - a maioria egressa da carreira de professor -, dos quais não se requer nenhuma experiência como gestores nem a passagem por um curso em que desenvolvam habilidades como a liderança de equipe.
A pesquisa mostra que 21% deles só estão no cargo porque algum político os indicou, enquanto apenas 5% ascenderam por critérios técnicos.
- Não há no país um sistema eficiente para escolher e treinar profissionais de modo que se tornem bons líderes nas escolas - avalia Mário Aquino, especialista em administração pública.
O segundo ponto que atrapalha no Brasil é o excesso de tarefas burocráticas delegadas aos diretores, situação que leva a uma total inversão de prioridades.
Para 90% deles, a supervisão da merenda fornecida pelo governo é uma das atividades que mais consomem tempo, além da limpeza do prédio e da fiscalização na entrega do material didático pelas secretarias de ensino.
São informações que escancaram a absoluta desconexão dos diretores brasileiros com a sala de aula.
- Só sobra tempo para a educação se eu deixar de lado as tarefas administrativas pelas quais também sou cobrada - resume Maria de Fátima Borges, 55 anos, diretora da escola Olavo Pezzotti, em São Paulo.
- Estou sempre devendo relatórios à secretaria.
Aos diretores brasileiros, faltam praticamente todos os pré-requisitos que os especialistas definem como básicos para o desempenho da função.
Além de boa formação e experiência em gestão, já se sabe que o diretor deve conseguir manter sua atenção voltada para as salas de aula e ser capaz de traçar objetivos acadêmicos claros, que servirão de norte para os professores.
Também se espera dele que envolva os pais na vida escolar, passo decisivo para o avanço dos alunos. No mundo todo, é esse o tipo de diretor que alcança os melhores resultados no ensino - inclusive no Brasil, segundo mostra uma recente pesquisa feita por especialistas da Fundação Getulio Vargas (FGV), também em parceria com a Fundação Victor Civita.
O estudo, que comparou escolas de bom resultado nas avaliações oficiais às de ensino mediano, concluiu que à frente dos melhores colégios estão justamente aqueles diretores com visão de longo prazo.
Diz o cientista político Fernando Abrucio, coordenador da pesquisa:
- Os diretores mais eficazes entendem que um plano pedagógico ambicioso precisa de tempo para ser concluído. Estes chegam a ficar até catorze anos numa mesma escola, enquanto um típico diretor de escola pública no Brasil troca de emprego a cada cinco anos.
A experiência internacional chama atenção para um conjunto de práticas que tem contribuído para formar e manter bons diretores à frente das escolas.
Elas podem funcionar também no Brasil. Uma medida eficaz é proporcionar aos aspirantes ao cargo uma experiência prévia, como um período em que atuam como assistentes de diretor.
Em alguns países, como Singapura, chega-se a exigir dos candidatos até estágio numa grande empresa privada, período em que se espera que absorvam os conceitos básicos de gestão.
Ao assumirem o cargo, há meios para livrar os diretores do excesso de atribuições burocráticas, tão maçantes no Brasil. Quem faz boa parte dessas tarefas nos Estados Unidos, por exemplo, é uma espécie de auxiliar administrativo, o que permite ao diretor mirar o ensino.
Caso fracasse, ele pode até ser demitido, o que já ocorreu com 80% dos diretores da cidade de Nova York desde 2002. Tornar-se diretor de escola é, em geral, a maior ambição de um professor.
No Brasil, significa, em média, um aumento de 50% no salário - que, na nova função, pode chegar a 7 000 reais.
Foi uma das motivações para que Andréa Tavares, 39 anos, hoje no comando de uma escola municipal de Taboão da Serra, em São Paulo, trilhasse esse caminho. Há apenas dois anos no cargo, ela diz:
- Com uma formação melhor, sei que eu e meus colegas teríamos mais chances de acertar.” (Reportagem - Cíntia Borsato e Roberto Setton)
No entanto, a pesquisa não leva em consideração a forma de escolha dos diretores de escolas do Rio Grande do Sul a qual é feita democraticamente por eleição, cujo colégio eleitoral é constituído por professores, funcionários, alunos e pais, portanto presume-se ser o eleito o mais capacitado.
Para reflexão
"Não confunda jamais conhecimento com sabedoria. Um ajuda a ganhar a vida, o outro a construir uma vida." Sandra Carey